<font color=0094E0>O <i>Avante!</i> noticiou</font>

«Os operários da CUF resolveram fazer respeitar a lei das 8 horas, deixando de trabalhar 10 horas como sucedia até aqui. Alfredo da Silva resistiu quanto pode às justas pretensões dos trabalhadores, mas finalmente viu-se obrigado a respeitar a lei. Contudo reduziu-lhes os salários!»

Avante!, Ano I, n.º 2, 1 de Março de 1931

«Alfredo da Silva, um dos donos de Portugal, célebre fornecedor de submarinos alemães durante a guerra, traidor, portanto, a Portugal, tem grandes interesses ligados com os rebeldes (fascistas) espanhóis. Ainda há cerca de dois meses, garantiu num banco de Lisboa um empréstimo de alguns milhares de contos aos insurrectos. Tem fornecido também explosivos que agora começa a fabricar.»

Avante!, II Série, n.º 27, 2.ª Quinzena de Janeiro de 1937

«O Sr. Alfredo da Silva admite em certos dias determinado número de operários para a descarga – entre 50 a 200 – a quem obriga a um trabalho violentíssimo, despedindo-os poucos dias depois, às vezes no dia seguinte, sob o pretexto de que não há trabalho.
Estes operários, entre os quais há jovens de 18 a 20 anos, andam todo o dia carregando sacos de 80 a 120 quilos, ganhando salários que nunca são superiores a 13$00 diários.»


Avante! , n.º 31, 2.ª Quinzena de Março de 1937

«O responsável de todos os despedimentos, roubos e desprezo dos mais elementares direitos dos operários, não é o “Estado Maior” chefiado pelo jesuíta Rocha e Melo, mas sim o chefe e o todo poderoso Alfredo da Silva, pois os outros não fazem mais do que cumprir as suas ordens. Os milhares de operários do roceiro Alfredo da Silva são despedidos às centenas, são roubados, são oprimidos, para que o chefe todo-poderoso possa comprar no espaço de alguns meses a Herdade da Palma por 30 mil contos, o edifício do “Éden” por 9 mil e construir um novo barco que lhe deve ter custado mais de 25 mil contos! Esta é que é a verdade!»

Avante! , VI Série, n.º 12, 1.ª Quinzena de Julho de 1942

«No dia 28, pela manhã, ao chegarem às oficinas da CUF para continuarem a greve dos braços caídos, os operários verificaram que as fábricas estavam encerradas e guardadas por forças armadas. Nos portões tinham sido afixados avisos de encerramento. A Policia, a GNR e forças do exército, mandaram retirar os operários. Foi então que se formaram grandes marchas da fome, inicialmente duas, uma constituída pelo pessoal dos tecidos, que compreende uma grande percentagem de mulheres, e outra formada pelo pessoal das restantes secções.»

Avante! , VI Série, n.º 39, 1.ª Quinzena de Setembro de 1943

«Também nos Estaleiros da CUF, onde as horas extraordinárias têm sido pagas a 125%, querem agora pagá-las a 50 por cento. Os operários, apesar das ameaças, têm-se recusado a fazer serões.»

Avante! , VI Série, n.º 74, 1.ª Quinzena de Abril de 1945

«Os recentes despedimentos (…) de 1000 operários da CUF no Barreiro (…) provam que, longe de melhorar, se agrava a situação já miserável das classes trabalhadoras. Só pela luta organizada, unida e firme contra o desemprego, por pão ou trabalho, a classe operária, todos os trabalhadores, conseguirão não se deixar matar à fome.»

Avante! , VI Série, n.º 177, Maio de 1953

«Os tubarões da CUF, seguindo os métodos de exploração empregados nos Estados Unidos, exigem de dia para dia “maior produtividade” no trabalho aos seus milhares de operários. Como consequência deste aumento de produtividade foram já despedidos muitos centos de operários das fábricas do Barreiro.»

Avante! , VI Série, n.º 184, Janeiro de 1954

«Na CUF do Barreiro, em resultado da luta travada foram promovidos cerca de 200 operários, o que representou aumentos de 1$60 e 6$00 por dia.»

Avante! , VI Série, nº 241, 2ª Quinzena de Agosto de 1957

«Na CUF do Barreiro colocaram agora 150 “vigilantes” ao serviço que se comportam como autênticos policiais. Consta mesmo que alguns são da PIDE.»

Avante! , VI Série, Ano 27, n.º 250, 1.ª Quinzena de Março de 1958

«Estreitamente ligada ao capital monopolista internacional, a CUF constitui um outro Estado dentro do Estado, compra jornais, «deputados» e ministros e apoia activamente a ditadura fascista.»

Avante!, VI Série, Ano 31, n.º 305, 1.ª Quinzena de Setembro 1961

«Continuando as suas lutas parciais, os operários e empregados da CUF não dão descanso aos tubarões desta empresa, capitaneada pelo Jorge de Melo.»

Avante! , VI Série, Ano 33, n.º 345, Agosto de 1964

«Mais de 5 milhões de contos é o montante da fortuna da família Jorge de Melo! As reivindicações que apresentastes podem e devem ser satisfeitas!»

Avante! , VI Série, Ano 33, n.º 345, Agosto de 1964

«Das inúmeras lutas da classe operária destacam-se: a luta da CUF que abarca mais de 8000 operários. Começada nos fins de 63 desenvolvem-se durante todo o ano de 1964 tendo assumido aspectos superiores como o recurso ao trabalho lento, que se tem alargado, obrigando o Jorge de Melo a tomar medidas um tanto apressadas para assinar um contrato colectivo para toda a empresa.»

Avante!, VI Série, Ano 34, n.º 350, Janeiro de 1965

«Os operários da CUF do Barreiro conquistaram uma série de regalias importantes, referentes a subsídios e promoções. Ao anunciá-las, Jorge de Melo anunciou também que a CUF não dará o aumento geral que os operários vêm reclamando (…) O conhecimento desta resolução, por parte dos operários, desencadeou uma onda de protestos em toda a empresa.»

Avante! , VI Série, Ano 35, n.º 359, Setembro de 1965

«Na CUF do Barreiro, os trabalhadores, aproveitando os meios legais de luta – Comissão Interna da Empresa, concentrações na gerência, pequenas paralisações e “cera” e os meios ilegais de acção conseguiram obter sucessos parciais. Foi-lhes concedido o subsídio de férias, de turno, de baixa a sinistrados e as promoções.»

Avante!, VI Série, Ano 35, n.º 363, Janeiro de 1966

«Os “senhores” da CUF criaram na empresa do Barreiro a chamada Comissão Interna da Empresa (CIE), para a utilizarem como instrumento da sua demagogia. Os trabalhadores têm transformado a CIE em arma de combate contra os seus exploradores.»

Avante! , VI Série, n.º 375, Fevereiro de 1967

«Na CUF, a par dos mais refinados processos de exploração, reinam os métodos policiais praticados pelos Melos e toda a sua vasta rede de colaboradores que se esforçam por isolar os trabalhadores uns dos outros e manter cada um na ignorância do que se passa com os seus camaradas de trabalho.»

Avante! , VI Série, Ano 43, n.º 453, Maio de 1973

«Na CUF os trabalhadores de várias secções apresentaram à Administração um pedido de aumento que tenha como salário mínimo 5.500$00 mensais. Circula na empresa um documento (…) apelando para a unidade de todos para a luta por esta reivindicação e fundamentando amplamente a sua justeza.»

Avante! , VI Série, Ano 43, n.º 460, Dezembro de 1973



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